domingo, 19 de maio de 2013

Para Minha Mãe




















SORRISO DE MÃE

É o sorriso mais simples do mundo.
Simples como as criações de Deus,
Belo como a vastidão do universo.
Quente como os abraços seus.
Seu sorriso é o meu bom dia das manhãs.
O aconchego para meus sonhos de criança.
Que cresceram alimentados por esses doces afãs.
Conduz-me por veredas de esperança,
Transformando todo mundo em luz.
Minha estrela guia nos mistérios da noite.
Nunca teme as dores da cruz. 
Tranformas em escudo forte,
Sua delicadeza de guerreira invencível.
De ti nascem os anjos,
Que ecoam ozanas pelo céu,
Cantando teu sublime nome,
Em melodias doces como mel.
Esse mundo de tantas belezas,
Não encanta tanto os corações.
Pois os mais divinos sentimentos da natureza,
Nasceram do amor, no sorriso das mães.
Beijo minha mãezinha!

CARLOS MEDEIROS

Para Todas as Mães
























PARA SEMPRE

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Sangue Sertanejo



















LAMENTOS URBANOS

O barulho na janela pela manhã,
o perfume que levanta-se da terra.
Me faz lembrar do cuzcuz quente,
derretendo a manteiga fresca.
A tapioca recheada com queijo coalho.
O café fumegando do coador para a cafeteira.
O calor do fogão a lenha  aquecendo como o sol,
essa linda manhã de chuva.
É assim que eu me lembro das manhãs de inverno,
no sertão da casa de meus pais.
Hoje nesta grande cidade,
a chuva escorre pelo meu rosto
e a saudade transborda em meu coração.
Na minha janela não canta o sabiá,
só o ruído estressante da metrópole apressada,
que nos arranca o sonho de um passado distante.
Quero a asa-branca alçando vôos em minhas asas ligeiras.
Quero a flor altiva do mandacarú,
que fulora nas renovadas terras do meu Ceará.
Quero a alegria do forró e a melodia dos sorrisos,
que pintam as paisagens abençoadas por São José.
Quero o meu interior festivo resplandecendo em luz.
Quero voltar para o sorriso doce de minha mãe.
Quero o abraço forte no peito de meu pai.
Quero a brincadeira moleque e inocente junto a meus irmãos.
Quero o silêncio da noite, 
faiscando de estrelas a  minha imaginação.
Quero minha meninice alegre de volta.
Quero simplesmente minha felicidade,
que eu esquecí numa manhã de sol,

CARLOS MEDEIROS

Canta Patativa!

















CABRA DA PESTE

Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas nunca esmorece, procura vencê,
Da terra adorada, que a bela cabôca
Com riso na bôca zomba no sofrê.

Não nego meu sangue, não nego meu nome,
Olho para fome e pergunto: o que há?
Eu sou brasilêro fio do Nordeste,
Sou Cabra da Peste, sou do Ceará.

Tem muita beleza minha boa terra,
Derne o vale à serra, da serra ao sertão.
Por ela eu me acabo, dou a prope vida,
É terra querida do meu coração.

Meu berço adorado tem bravo vaquêro
E tem jangadêro que domina o má.
Eu sou brasilêro fio do Nordeste,
Sou Cabra da Peste fio do Ceará.

Ceará valente que foi muito franco
Ao guerrêro branco Soares Moreno,
Terra estremecida, terra predileta
Do grande poeta Juvená Galeno.

Sou dos verde mare da cô da esperança,
Qui as água balança pra lá e pra cá.
Eu sou brasilêro fio do Nordeste,
Sou Cabra da Peste, sou do Ceará.

Ninguém me desmente, pois, é com certeza
Quem qué vê beleza vem ao Cariri,
Minha terra amada pissui mais ainda,
A muié mais linda que tem o Brasi.

Terra da jandaia, berço de Iracema,
Dona do poema de Zé de Alencá
Eu sou brasilêro fio do Nordeste,
Sou Cabra da Peste, sou do Ceará.

PATATIVA DO ASSARÉ