segunda-feira, 11 de abril de 2011

Bárbaro Crime






ERAM TODOS INOCENTES


Luiza Paula da Silveira, 14 anos
Karine Chagas de Oliveira, 14 anos
Larissa dos Santos Atanázio, 13 anos
Rafael Pereira da Silva, 14 anos
Samira Pires Ribeiro, 13 anos
Mariana Rocha de Souza, 12 anos
Ana Carolina Pacheco da Silva, 13 anos
Bianca Rocha Tavares, 13 anos
Géssica Guedes Pereira
Igor Moraes da Silva, 13 anos
Laryssa Silva Martins, 13 anos
Milena dos Santos Nascimento, 14 anos

“Meu Deus, eu não quero morrer...
Sou muito jovem para morrer...”

Meu Deus e eles eram tão jovens!
Por que uma partida tão estúpida?
Seus sonhos desfeitos,
Suas realizações adiadas.

Inocência bruscamente arrancada,
Tirada de nossos braços,
Privando-nos da alegria
Dos sorrisos e esperança futura.

Pobres pais...
Pobre sociedade,
Que cria monstros
Que nos fazem chorar.

Recebe nossos anjos senhor.
Cuida deles com seu amor.
Ilumina nossos corações,
Para que um dia esqueçamos tamanha dor.

CARLOS MEDEIROS

Aos Que Não Morreram





CARTA AOS MORTOS

Amigos, nada mudou
em essência.
Os salários mal dão para os gastos,
as guerras não terminaram
e há vírus novos e terríveis,
embora o avanço da medicina.
Volta e meia um vizinho
tomba morto por questão de amor.
Há filmes interessantes, é verdade,
e como sempre, mulheres portentosas
nos seduzem com suas bocas e pernas,
mas em matéria de amor
não inventamos nenhuma posição nova.
Alguns cosmonautas ficam no espaço
seis meses ou mais, testando a engrenagem
e a solidão.
Em cada olimpíada há recordes previstos
e nos países, avanços e recuos sociais.
Mas nenhum pássaro mudou seu canto
com a modernidade.
Reencenamos as mesmas tragédias gregas,
relemos o Quixote, e a primavera
chega pontualmente cada ano.
Alguns hábitos, rios e florestas
se perderam.
Ninguém mais coloca cadeiras na calçada
ou toma a fresca da tarde,
mas temos máquinas velocíssimas
que nos dispensam de pensar.
Sobre o desaparecimento dos dinossauros
e a formação das galáxias
não avançamos nada.
Roupas vão e voltam com as modas.
Governos fortes caem, outros se levantam,
países se dividem
e as formigas e abelhas continuam
fiéis ao seu trabalho.
Nada mudou em essência.
Cantamos parabéns nas festas,
discutimos futebol na esquina
morremos em estúpidos desastres
e volta e meia
um de nós olha o céu quando estrelado
com o mesmo pasmo das cavernas.
E cada geração, insolente,
continua a achar
que vive no ápice da história.

AFFONSO ROMANO DE SANT’ANNA