segunda-feira, 26 de julho de 2010

Mais Saudade
















CADÊ VOCÊ ?


A chuva cai lá fora.
A tristeza inunda minha mente.
A saudade aperta meu peito, enormemente.
E o coração bate descompassado, lento.
Esperando por quem foi embora.
Lembrança perdida no tempo.
Esperança que voa mundo afora,
Buscando o sorriso que ilumina,
A voz que é bela,
O corpo que apaixona.
Uma gota de chuva escorre pela janela.
E minhas lágrimas turvam o mundo.
A dor machuca profundo.
E a alma sente a falta que você me faz.
As nuvens passam,
As lágrimas secam,
Mas a saudade... Fica.

CARLOS MEDEIROS

No Verão...














SENSAÇÃO


Pelas tardes azuis do Verão irei pelas
sendas,


Guarnecidas pelo trigal,
pisando a erva miúda:


Sonhador, sentirei a
frescura em meus pés.


Deixarei o vento banhar
minha cabeça nua.

Não falarei mais, não
pensarei mais:

Mas um amor infinito me
invadirá a alma.

E irei longe, bem longe,
como um boêmio,

Pela natureza, - feliz
como com uma mulher.

ARTHUR RIMBAUD

domingo, 18 de julho de 2010

Sem Rumo















ENCRUZILHADAS


Decerto que a vida nos conduz a encruzilhadas.
Caminhos que nos cercam,
Desequilíbrios e alegrias a espera de uma decisão.
Atônitos e sem resposta nos calamos,
Perante tudo que surge diante de nós.
A vida para, e os desejos deixam de pulsar,
Coagulando a seiva vital que escorre
Para o érebo lúgubre de nosso silêncio.
O odor acre de nossa inércia,
Anuncia a morte cerebral.
Então nada se produz ou nasce,
Nesse infecundo ser.
Os sonhos não iluminam mais,
E o enoitecer sobre nossas almas,
Despertam pássaros noctívolos,
Com seus horripilantes grasnidos.
Saciam-se das vísceras de uma esperança morta.
Quantas mortes ainda teremos que suportar?
Os invólucros abandonados pelo caminho,
Levantarão ao soar dos sinos no campanário.
Fatícanos do último apocalipse.
O azorrague estala sobre nossas cabeças.
A multidão tem que caminhar,
Pois o destino é caminho longo e sinuoso.
Minha alma cansada não agüenta mais.

CARLOS MEDEIROS

Poeta de São Paulo














PARANOIA



Eu vi uma linda cidade cujo nome esqueci
onde anjos surdos percorrem as madrugadas tingindo seus olhos com
lágrimas invulneráveis
onde crianças católicas oferecem limões para pequenos paquidermes
que saem escondidos das tocas
onde adolescentes maravilhosos fecham seus cérebros para os telhados
estéreis e incendeiam internatos
onde manifestos niilistas distribuindo pensamentos furiosos puxam
a descarga sobre o mundo
onde um anjo de fogo ilumina os cemitérios em festa e a noite caminha
no seu hálito
onde o sono de verão me tomou por louco e decapitei o Outono de sua
última janela
onde o nosso desprezo fez nascer uma lua inesperada no horizonte
branco
onde um espaço de mãos vermelhas ilumina aquela fotografia de peixe
escurecendo a página
onde borboletas de zinco devoram as góticas hemorróidas das
beatas
onde os mortos se fixam na noite e uivam por um punhado de fracas
penas
onde a cabeça é uma bola digerindo os aquários desordenados da
imaginação

ROBERTO PIVA

Longa Espera
















Em alguns momentos de nossas vidas parece que tudo para.
Não temos nada a dizer...