domingo, 13 de junho de 2010

Epidemia Brasileira



OURO DOS TOLOS

Quem já sentiu por essas esquinas,
O odor de plástico queimando.
Onde giram e caem as meninas,
Onde os meninos estão se matando.
Caminham incertos e desesperados,
Procuram a euforia e a ilusão.
Sabem que só possuem uns 30 segundos,
Para viverem a alegria que lhes escapa às mãos.
Mas esse tempo já é o bastante,
É o suficiente para o corpo entorpecer.
Para a mente viajar à sonhos distorcidos,
Pois só assim da realidade conseguem esquecer.
Tornam-se garimpeiros de sua própria sorte.
Buscam a toda hora pelas pedras preciosas,
Com que irão comprar a própria morte.
E descansar eternamente,
Em suas noites tenebrosas.
Seus corpos se decompõem lentamente,
E seus ossos estão expostos,
A esta sociedade inconseqüente.
São almas que descem pelo ralo.
E deságuam ao redor de nós.
Fingimos que não sentimos o lodo em nossos pés,
Pois na cegueira de nossas vidas,
Não acordamos para esse incomodo viés.

CARLOS MEDEIROS

Pranto














HÃO DE CHORAR POR ELA OS CINAMOMOS


Hão de chorar por ela os cinamomos,
murchando as flores ao tombar do dia.
Dos laranjais hão de cair os pomos,
Lembrando-se daquela que os colhia.

As estrelas dirão: "Ai - nada somos
Pois ela se morreu silente e fria..."
E pondo os olhos nela como pomos,
Hão de chorar a irmã que lhes sorria.

A lua, que lhe foi mãe carinhosa,
Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la
Entre lírios e pétalas de rosa.

Os meus sonhos de amor serão defuntos...
E os arcanjos dirão no azul ao vê-la,
Pensando em mim: - "Por que não vieram juntos?"


ALPHONSUS DE GUIMARAENS