sábado, 19 de maio de 2012

Fonte de Inspiração















Musa dos olhos verdes


Musa dos olhos verdes, musa alada,
Ó divina esperança,
Consolo do ancião no extremo alento,
E sonho da criança;

Tu que junto do berço o infante cinges

C'os fúlgidos cabelos;
Tu que transformas em dourados sonhos
Sombrios pesadelos;

Tu que fazes pulsar o seio às virgens;

Tu que às mães carinhosas
Enches o brando, tépido regaço
Com delicadas rosas;
Casta filha do céu, virgem formosa

Do eterno devaneio,

Sê minha amante,
os beijos meus recebe,
Acolhe-me em teu seio!

Já cansada de encher lânguidas flores

Com as lágrimas frias,
A noite vê surgir do oriente a aurora
Dourando as serranias.

Asas batendo à luz que as trevas rompe,

Piam noturnas aves,
E a floresta interrompe alegremente
Os seus silêncios graves.

Dentro de mim, a noite escura e fria

Melancólica chora;
Rompe estas sombras que o meu ser povoam;
Musa, sê tu a aurora!

Machado de Assis

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